06 dezembro 2007

Um inferno na Somália

Segundo vários responsáveis das Nações Unidas, a pior crise humanitária de África talvez não esteja a verificar-se no Darfur, mas na Somália, ao longo de uma faixa de asfalto degradada com 32 quilómetros de comprimento. Há um ano, a estrada que liga a pequena cidade de Afgooye à capital, Mogadíscio, era uma via secundária como muitas outras na Somália, ladeada por grandes cactos e, a intervalos, por edifícios crivados de balas. Hoje, é um corredor de miséria, com 200 mil pessoas deslocadas, apinhadas em campos tentaculares, onde os mantimentos se esgotam rapidamente.
Altos responsáveis das Nações Unidas afirmam que, na Somália, a taxa de subnutrição é mais elevada, os massacres são mais frequentes e o número de funcionários humanitários é inferior ao do Darfur, muitas vezes apresentado como a região a braços com a mais grave crise do mundo e, portanto, claramente prioritária em termos de envio de forças de manutenção da paz e de fundos.
As pessoas estão famintas, vulneráveis, doentes ou moribundas. E as raras ONG dispostas a aventurar-se neste território entregue à anarquia e considerado perigoso não podem dar resposta a todas as necessidades, em especial fornecer leite a milhares de bebés com o pulso fraco e de olhos desorbitados.
Na minha opinião, como em alguns países da África Subsariana, existe uma grande carência de alimentos, como acontece na Somália, que está a passar por uma grande crise humanitária.
O Governo da Somália é constituído por combatentes, islamitas, clãs rivais e arrivistas (pessoas ambiciosas e sem escrúpulos) que enriqueceram graças à anarquia, importando preparados para lactentes fora de prazo e alugando antigas terras do Estado, o que não ajuda em nada a situação das famílias somalis, que estão desalojadas e a “morrer à fome”.
Apesar de a Somália ainda ser considerada uma zona interdita, há também o facto de as ONG’s ignorarem esta situação e só se preocuparem com outras zonas de África, como é o caso de Darfur. Também os Estados Unidos da América tentaram ajudar na Somália em 1992, mas as milícias somalis abateram um helicóptero e exibiram os corpos dos soldados americanos nas ruas da cidade de Mogadíscio. A partir daí, a Somália deixou de ter ajuda dos EUA bem como de outros países, o que se reflecte na crise humanitária por que o país está a passar.

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