Bangladesh, Peru, Haiti, Egipto, Irão, Israel, Síria, Equador, Guatemala, Líbano, Turquia, Paquistão, Argélia, Marrocos, Venezuela, Palestina, Índia, Uganda…entre tantos outros...o que têm em comum? O mesmo conceito de honra da família utilizado como justificação para qualquer tipo de acto, de forma a manter o seu bom-nome perante a sociedade.
Crimes de honra assim se definem os actos de violência, na sua maioria o homicídio, perpetrados por membros de uma família (do sexo masculino) contra as suas homólogas sob o pretexto de uma suposta conduta imoral e nociva que manchou o bom-nome e honra familiares. Que conduta poderá ser tão imoral e nociva o suficiente para propiciar e legitimar tais actos? Ora, a recusa da mulher em aceitar um casamento por imposição (note-se que a idade média para casar ronda os 15 anos); a intenção de pedir o divórcio (mesmo tratando-se de maridos abusivos); incompetência nas lides domésticas (servir uma refeição atrasada por exemplo); uma mulher que tenha cometido adultério (e destaco o caso do marido, em que o adultério é praticamente encarado como um direito masculino); uma mulher que tenha sido vítima de violação sexual (uma vítima que se torna culpada e um fardo para a família); a escolha de um marido que não faça parte da comunidade étnica e/ou religiosa em que a mulher se insere…e outros casos que se sucederam absolutamente revoltantes:
- Aqsa Parvez tinha 16 anos quando foi estrangulada pelo próprio pai por ter recusado usar o hijab (lenço tradicional islâmico) e ter mostrado vontade em se vestir como os ocidentais. Aconteceu no Canadá exactamente este ano;
- Dua Khalil de 17 anos era do Curdistão e foi espancada e apedrejada até à morte em público, porque demonstrou vontade em se converter ao islamismo. Sucedeu-se igualmente no ano de 2007;
- Uma jovem da Arábia Saudita foi condenada a 200 chicotadas e seis meses de prisão porque foi violada por um grupo de sete homens enquanto estava com o namorado no carro. 200 chicotadas porque a jovem teve a infelicidade de contestar a sentença, senão teria levado apenas 90;
- Na Turquia, uma mulher foi degolada porque uma canção romântica lhe fora dedicada na rádio por alguém que não o marido.
O que acontece aos homicidas? Absolutamente nada, para além de serem muitas vezes congratulados pelo acto. O marido, o pai, o tio, ou o irmão que normalmente executam o crime, em pouco ou nada são sancionados. Alguns meses na prisão que raramente são cumpridos, já que alegar crimes em nome da honra são um forte atenuante da pena. De acordo com o código penal em alguns países, estes homícidios são totalmente desculpáveis, sobretudo se alegarem flagrante delito na prática de adultério. E assim se faz “justiça”…
As estatísticas destes crimes publicadas (“curiosamente” dados não oficiais) abrangem números preocupantes desde as mulheres assassinadas em nome da honra familiar que ocupam 20% da população no Paquistão; ou as 200 mulheres na Turquia ou ainda as 5 000 mulheres na Índia que morrem por ano, alegadamente em defesa da dignidade familiar. De facto não interessa que sejam milhares de vítimas, o que interessa é que estão a morrer em nome de algo cujo significado não justifica tais atrocidades. (Aliás nem é necessário referir a legitimidade que ninguém tem para tirar a vida a outro ser humano, seja por que razão for). A solução sem dúvida que passaria pela pressão internacional a estes países de forma a reconhecerem a existência destes crimes. Mas admitamos que de facto não seria nada conveniente cortar relações com países como a Arábia Saudita só porque os direitos humanos não foram respeitados…
No entanto outra das questões que aqui estão patentes é a tolerância para com as diversas culturas, porque essa mesma tolerância é talvez levada demasiado ao limite, já que em países ditos desenvolvidos se têm registado igualmente crimes desta gravidade, nomeadamente no Reino Unido, na França, na Alemanha, na Itália, na Suécia, na Holanda patente nas comunidades imigrantes.
Até que ponto temos que respeitar o respeito pelas diferenças e tradições culturais, por mais bárbaras e primitivas que nos pareçam? Como podemos permitir uma sobrevalorização da cultura acima da dignidade e vida humanas?...
Crimes de honra assim se definem os actos de violência, na sua maioria o homicídio, perpetrados por membros de uma família (do sexo masculino) contra as suas homólogas sob o pretexto de uma suposta conduta imoral e nociva que manchou o bom-nome e honra familiares. Que conduta poderá ser tão imoral e nociva o suficiente para propiciar e legitimar tais actos? Ora, a recusa da mulher em aceitar um casamento por imposição (note-se que a idade média para casar ronda os 15 anos); a intenção de pedir o divórcio (mesmo tratando-se de maridos abusivos); incompetência nas lides domésticas (servir uma refeição atrasada por exemplo); uma mulher que tenha cometido adultério (e destaco o caso do marido, em que o adultério é praticamente encarado como um direito masculino); uma mulher que tenha sido vítima de violação sexual (uma vítima que se torna culpada e um fardo para a família); a escolha de um marido que não faça parte da comunidade étnica e/ou religiosa em que a mulher se insere…e outros casos que se sucederam absolutamente revoltantes:
- Aqsa Parvez tinha 16 anos quando foi estrangulada pelo próprio pai por ter recusado usar o hijab (lenço tradicional islâmico) e ter mostrado vontade em se vestir como os ocidentais. Aconteceu no Canadá exactamente este ano;
- Dua Khalil de 17 anos era do Curdistão e foi espancada e apedrejada até à morte em público, porque demonstrou vontade em se converter ao islamismo. Sucedeu-se igualmente no ano de 2007;
- Uma jovem da Arábia Saudita foi condenada a 200 chicotadas e seis meses de prisão porque foi violada por um grupo de sete homens enquanto estava com o namorado no carro. 200 chicotadas porque a jovem teve a infelicidade de contestar a sentença, senão teria levado apenas 90;
- Na Turquia, uma mulher foi degolada porque uma canção romântica lhe fora dedicada na rádio por alguém que não o marido.
O que acontece aos homicidas? Absolutamente nada, para além de serem muitas vezes congratulados pelo acto. O marido, o pai, o tio, ou o irmão que normalmente executam o crime, em pouco ou nada são sancionados. Alguns meses na prisão que raramente são cumpridos, já que alegar crimes em nome da honra são um forte atenuante da pena. De acordo com o código penal em alguns países, estes homícidios são totalmente desculpáveis, sobretudo se alegarem flagrante delito na prática de adultério. E assim se faz “justiça”…
As estatísticas destes crimes publicadas (“curiosamente” dados não oficiais) abrangem números preocupantes desde as mulheres assassinadas em nome da honra familiar que ocupam 20% da população no Paquistão; ou as 200 mulheres na Turquia ou ainda as 5 000 mulheres na Índia que morrem por ano, alegadamente em defesa da dignidade familiar. De facto não interessa que sejam milhares de vítimas, o que interessa é que estão a morrer em nome de algo cujo significado não justifica tais atrocidades. (Aliás nem é necessário referir a legitimidade que ninguém tem para tirar a vida a outro ser humano, seja por que razão for). A solução sem dúvida que passaria pela pressão internacional a estes países de forma a reconhecerem a existência destes crimes. Mas admitamos que de facto não seria nada conveniente cortar relações com países como a Arábia Saudita só porque os direitos humanos não foram respeitados…
No entanto outra das questões que aqui estão patentes é a tolerância para com as diversas culturas, porque essa mesma tolerância é talvez levada demasiado ao limite, já que em países ditos desenvolvidos se têm registado igualmente crimes desta gravidade, nomeadamente no Reino Unido, na França, na Alemanha, na Itália, na Suécia, na Holanda patente nas comunidades imigrantes.
Até que ponto temos que respeitar o respeito pelas diferenças e tradições culturais, por mais bárbaras e primitivas que nos pareçam? Como podemos permitir uma sobrevalorização da cultura acima da dignidade e vida humanas?...